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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Japoneses no exterior

数日前(すうじつまえ)- alguns dias atrás -, li um artigo bem interessante intitulado 『海外で日本人だとバレる行動』, e hoje decidi comentá-lo.

Claro, em primeiro lugar precisamos dizer o que o título diz, correto? Então vamos lá:

海外』 é parecido com 『外国』; o kanji comum, 『』, possui sentido de "fora, externo", e pode ser lido como 『そと』 e 『がい』, que é o caso aqui. Já 『』 é o velho conhecido 『うみ』, "mar", e 『』, 『くに』, simboliza "país". Ou seja, 『海外』 é uma outra maneira de se referir ao exterior.

Mas o mais interessante aqui é o verbo 『バレる』. A primeira pergunta é: por que metade katakana e metade hiragana? Por mais estranho que isso possa parecer, é bastante comum; indica que o verbo (ou adjetivo) em questão não é, digamos, padrão. Não sei exatamente como ou quando o verbo 『バレる』 surgiu, mas acredito que seja alguma gíria que acabou se firmando com o tempo.

Ah, o significado é mais ou menos assim: quando qualquer fato acaba sendo revelado sem querer, podemos dizer 『バレた』. Aqui, o que "baretou" (desculpem-me!) foi o 『行動・こうどう』, que é "ação, comportamento".

Assim, o título seria algo como "Comportamentos no exterior que entregam os japoneses", ou seja, quais atitudes dos 日本人 em terras estrangeiras acabam revelando suas nacionalidades.

A pesquisa foi feita com japoneses que já foram parados na rua com a pergunta 『日本人ですか?』("Você é japonês?") sem terem aberto a boca, e em qual situação foi.

A primeira resposta citada é:


『横断歩道(おうだんほどう)の信号(しんごう)(ま)ちの時(とき)で、青(あお)信号になるのを待っている時です』

"Na faixa de pedestre, quando estou esperando o semáforo ficar verde."


Quem já esteve no Japão sabe que isso é bem verdadeiro! Até mesmo em grandes centros comerciais em horários de pico, como Shibuya às 9 da manhã, é comum ver multidões em ambos os lados das ruas, pacientemente esperando pela luzinha do homem verde acender. Não que não exista quem faça 信号無視・しんごうむし (ato de ignorar o semáforo), mas são exceções, e não regra, como aqui.

Outra resposta interessante:


『タクシーを拾(ひろ)ったあとで、後(うしろ)ドアが開(あ)くのを待(ま)ってました。』

"Quando fiquei esperando a porta de trás do táxi abrir."


Pois é, até mesmo andar de táxi se torna uma experiência interessante no 日本. Talvez não pra eles, mas sim para nós que somos forçados a suportar o comportamento brutal e primitivo dos Shreks que nos conduzem por aqui.

Por lá, os 運転手・うんてんしゅ (motoristas) usam luvinha branca, perguntam o destino com educação, sabem contar os centavos de troco e ainda por cima abrem a porta do carro para a entrada e saída do passageiro, pressionando um botão no painel.

Próxima resposta:


『暑(あつ)くて喉(のど)が渇(かわ)いたモノですから、飲(の)み物(もの)を買(か)おうと、『自動販売機(じどうはんばいき)』を探(さが)してウロウロ・・・。(^^;)』

"No calor, fiquei com sede e perambulei atrás de uma 'vending machine' para comprar uma bebida."


...é. As famosas maquininhas de bebidas (não só de bebidas, mas é o tipo mais comum) fazem parte da cultura japonesa e devem ser um dos itens totalmente indispensáveis para a maioria da população. E não é por menos: poder comprar uma imensa variedade de bebidas - alcoólicas ou não - praticamente pelo mesmo preço de um supermercado e em qualquer esquina da cidade é um privilégio. Um privilégio que eu duvido, mas duvido mesmo, que algum dia o Brasil irá conhecer.

Ah, 『ウロウロする』 também pode ser considerado um verbo; expressa o ato de andar de lá pra cá, meio perdido.

Por último, o relato sobre um japonês no metrô de Nova York:


『車内(しゃない)が混雑(こんざつ)していたので、降(お)りるときにドア付近(ふきん)にいる人(ひと)を無言(むごん)で押(お)しのけようとしたら、「Excuse me!?」と強(つよ)くにらまれました。

"Para sair do trem, que estava uma confusão, tentei empurrar uma pessoa perto da porta sem dizer nada, mas esta me jogou um olhar feio, dizendo 'Excuse me?!'"


Isso é bem curioso: os japoneses são mundialmente famosos pela educação em público, mas não é considerado desrespeitoso sair dos trens empurrando todo mundo sem dizer um "a", o que difere dos padrões novaiorquinos.

...pelo menos é o que diz o artigo, pois eu mesmo 行(い)ったことない - nunca estive em NYC.

O verbo 『にらむ』 corresponde a "olhar feio", geralmente foi raiva!

Até alguns anos atrás, acho que o meio mais fácil de identificar um japonês era a câmera fotográfica sofisticada no pescoço, mas hoje, com o barateamento das デジカメ aliado ao crescimento econômico chinês, isso deixou de ser infalível. Mas acredito que os relatos citados aqui descrevem peculiaridades japonesas que vão continuar sendo únicas por mais um bom tempo!

Quem quiser ler o artigo na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Dicas para aprender japonês

みなさん(あ)けましておめでとうございます

Sim, sei que já é dia 5 de janeiro, mas ainda é tempo de dizer Feliz Ano Novo, certo? Portanto desejo a todos um ótimo 2012, cheio de realizações, felicidades, saúde, paz e tudo o que é bom!

Não vim aqui para dizer que vou voltar com tudo com o blog, porque acho que ninguém mais acredita em mim quando digo que pretendo retomar o ritmo nem eu mesmo!.

Mas posso dar a certeza de que o blog não acabou e, enquanto houver pessoas interessadas em ler o que escrevo, vou continuar por aqui. Não com aquela voracidade de 2009, quando chegava a fazer 80 posts mensais (!), mas como dizem os japoneses, マイペースで, ou seja, no meu próprio ritmo.

Assim, vamos para o assunto que escolhi para hoje:


Dicas para aprender o idioma japonês.


1. Não encare o nihongo como algo impossível de ser aprendido.

Esse é o erro mais primário que deve existir. Quem nunca ouviu "Ah não, aquele monte de tracinho (sic) misturado? Tá louco!" ou coisas do tipo?

Que é difícil é, mas engana-se quem pensa que, para se comunicar em japonês, é imprescindível saber de cor 2000 kanji. Isso é uma tarefa primordial para os nativos, mas não para nós, estrangeiros.

Quem começa estudar nihongo logo percebe que, na verdade, não se trata de um idioma de outro planeta, com uma gramática bem mais simples que a do português, e perfeitamente dominável para aqueles que se julgam dispostos a dispender algumas centenas de horas no seu estudo.

Resumindo, não tenha a atitude de julgar um livro pela capa; geralmente o que falta é um bom professor ou uma boa metodologia, e não capacidade.


2. Não estude pensando unicamente no Exame de Proficiência.

O 日本語能力試験・にほんご のうりょく しけん é, sem sombra de dúvidas, a melhor maneira de obter uma comprovação oficial de que você possui certo domínio do idioma. Mas isso não quer dizer que deve ser visto como o único objetivo dos seus estudos!

Há não muito tempo, li um artigo em nihongo que questionava: "Por que há tantos profissionais chineses aprovados no 1級(いっきゅう)- Nível 1, o mais alto - com tanta dificuldade para se comunicar em japonês?".

Isso traz à tona uma deficiência do exame: saber milhares de kanji, ler textos, interpretá-los, entender diálogos etc. não é uma garantia de saber se comunicar adequadamente, em situações reais.

Por isso, sempre aconselho o seguinte: encare o Exame de Proficiência como uma consequência do seu aprendizado, e não o seu objetivo final.


3. Não fique preso a apenas um tipo de japonês.

Quando digo "um tipo de japonês", não estou me referindo a um cidadão de nacionalidade japonesa, e sim ao próprio idioma! Como assim?

No cotidiano brasileiro, há uma distinção entre o português utilizado na escola, no trabalho, na internet - de maneira escabrosa, diga-se de passagem - e nos noticiários televisivos, certo? Bom, pelo menos espera-se que haja, mas o fato é que essa diferença é muito, mas muito mais clara no nihongo.

Não me refiro apenas ao grau de formalidade, que são vários, mas também ao próprio jargão empregado em cada meio de comunicação. Por exemplo, se você assistir a um ニュース - noticiário - na NHK, irá se deparar com um linguajar técnico e formal; já um ドラマ - novela - costuma ser mais coloquial, solto (depende muito do tema da novela, claro).

Então a dica é: diversifique os meios de contato com o nihongo. Usufrua da internet, do Twitter especialmente. Siga algum nativo que aparente ter os mesmos interesses que você e tente entender o que ele(a) está dizendo!


4. Não se prenda a um material didático.

Isso está relacionado com o item acima, mas vale reforçar. Até hoje, sinceramente, não encontrei nenhum material didático voltado para brasileiros que me fizesse dizer: "Esse é bom!".

O maior motivo disso é a falta de imersão no mundo real; é muito comum ver livros que até tentam criar situações próximas do dia a dia, mas sem muito sucesso. O resultado é que o aluno, tadinho, fica com um monte de frases prontas - mas "viajadas" - que dificilmente irá usar algum dia.

Exemplo: 『犬(いぬ)が走(はし)っています!』, "O cachorro está correndo!".

Uau.

Portanto, o meu conselho é: não siga a risca o que está no seu livro, apostila, caderno etc. Além disso, não se prenda a uma única fonte de conhecimento; não conheço ninguém que tenha adquirido fluência através de um único material.


5. Não desista no primeiro ano.

E nem no segundo, terceiro... Um caso clássico é: "Estudei um ano de japonês, mas não aprendi nada". Bom, talvez a culpa não tenha sido do aluno, e sim do professor, mas é certo afirmar que, em apenas 12 meses, realmente não se absorve tanta coisa. A não ser, claro, que você estude lá no Japão, todos os dias, sem brasileiros por perto... mas isso é privilégio para poucos.

...posso chamar de privilégio hoje, mas pra mim, na prática, foi extremamente árduo, e quem já estudou no Japão sabe do que estou falando. Quem acha que o ensino de lá - um dos melhores do mundo - é a mamata que os jovens daqui vivem, está redondamente enganado!

Mas enfim, se você estuda há alguns meses e a primeira conclusão que tira é que não sabe nem proferir frases básicas, não hesite: mude o método, o professor, o material, mas não desista.


Bom, são essas as dicas que tenho para compartilhar convosco até o presente momento!

Se você leu até aqui é porque realmente tem interesse não só no idioma, mas também no blog, então permita-me imitar o grande Steve Jobs e dizer:


"There is one more thing."


Há tempos venho elaborando uma ideia dentro da minha cabeça que, finalmente, nesse ano de 2012, pretendo transformar em realidade.

...o que será?

Não, não é um vlog.

É um livro.

Sim, penso em escrever um livro que mescle a cultura japonesa e o aprendizado do idioma. Não posso dizer muito a respeito no momento (não por ser segredo, mas simplesmente porque ainda não tenho nada muito concreto!), mas à medida que o projeto engrenar, postarei atualizações por aqui!

Mas de qualquer maneira, 楽しみにしておいて下さい!

では!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Voltando com uma receita japonesa

みなさん、お元気(げんき)でしょうか?

Faz tempo, não? Pois é. Acredito que a cada hiato do blog, muitos pensam que dessa vez eu desisti de vez das postagens, mas isso não é verdade!

O que acontece é o seguinte: eu disse recentemente que estava participando da seleção de uma empresa, e que felizmente fui aprovado. Porém, estou de 強制休暇・きょうせいきゅうか, férias forçadas, desde o dia 2 desse mês.

Como assim?

Era para ter iniciado o novo trabalho no último dia 11, mas aí a velha conhecida burocracia brasileira interveio e me barrou. Foi o CREA, registro profissional exigido por essa nova empresa na qual irei ingressar. Como não consegui adquiri-lo até a data limite, no começo do mês, fiquei retido até a próxima integração, no dia 11 de outubro.

Enquanto isso...?

É, enquanto isso, tenho tido tempo de sobra, parte em Londrina, parte aqui em Campinas. Foi nesse período que constatei algo que havia escutado antes: tempo em excesso é inimigo da produtividade.

Engana-se quem pensa que, com muitas horas à disposição todos os dias, fica fácil realizar atividades úteis. A tendência é exatamente o contrário: a preguiça toma conta e, quando você vê, o tempo já passou e é hora de voltar à rotina de trabalho novamente. Os japoneses, nessas horas de ócio, dizem:


退屈(たいくつ)だなぁ…』


Sim, 『退屈』 é o sentimento de ociosidade e preguiça misturados. Parecido com 『ひま』, mas com uma conotação levemente negativa.

Mas! Aproveitei esse 暇な時間(じかん), tempo livre, pra fazer algumas coisas diferentes. Hmm... não sei se são "algumas", no plural, mas pelo menos uma: 料理りょうり, ou seja, culinária.

Pra quem mal sabia fazer gohan em 炊飯器すいはんき, aquelas panelas de arroz automáticas fantásticas, tomar iniciativa pra ler uma receita - em nihongo - e botar a mão na massa foi um grande passo. E justamente por isso gostaria de compartilhar isso com vocês.

Calma, não achem que vou postar técnicas avançadas de さしみ ou スイーツ (nome dado aos doces japoneses, que são uma das maiores atrações do país), mas apenas o básico do básico. Primeiro, gostaria que assistissem ao vídeo abaixo, de pouco mais de 1 min, que é a レシピ, receita, de 親子丼・おやこどん:



親子』 significa "pais e filhos" (acredito que seja referência à galinha, "mãe", e ao ovo, "filho"), e 『』 é a abreviação de 『どんぶり』, a tradicional tigela, um pouco maior que o 茶碗・ちゃわん:


No começo do vídeo, a シェフ, chef, diz:


 『親子丼を作(つく)ります材料(ざいりょう)はこちらです。』

"Vamos fazer Oyakodon. Os ingredientes são estes."


Aqui vai a lista:

鶏肉とりにく, frango: 100g

(たま)ねぎ, cebola: meia unidade pequena

たまご, ovos: 2 unidades

みず, água: 150 ml

ほんだし, tempero à base de peixe: meia colher de chá

砂糖さとう, açúcar: meia colher de sopa

しょうゆ, shoyu: 2 colheres de sopa

みりん, condimento alcoólico: 2 colheres de sopa

ごはん, arroz japonês: 400g


O hondashi e o mirin podem não ser familiares à maioria, mas são facilmente encontrados na sessão de produtos japoneses das principais redes de supermercados! E não são caros.

Bom, a 調理師・ちょうりし, cozinheira, continua com:


『鶏肉は2センチ角(かく)に切(き)り、玉ねぎは(うす)(ぎ)にします。』

"O frango deve ser cortado em cubos de 2 centímetros, e a cebola, fina."


薄い』, aqui, é "fino", mas pode ser também "claro", como em 『薄い色(いろ)』, "cor clara".

Na sequência, ela corta a tal da みつば, cujo nome em português desconheço, portanto deixei de fora. Na verdade, é apenas um opcional.

Depois,


『小(ちい)さめなフライパンに分量(ぶんりょう)の水(みず)

ほんだし、砂糖、しょうゆ、みりんを入(い)れて煮(に)(た)てます。』


"Em uma frigideira pequena, coloque a medida de água,

o hondashi, o açúcar, o shoyu e o mirin, e deixe ferver."


Reparem: não se diz "shôyu", e sim "shoyú".

Continuando:


『鶏肉、玉ねぎを加(くわ)えて、

中火(ちゅうび)で3分(さんぷん)ほど煮(に)

(と)き卵(たまご)を回(まわ)し入(い)れて、

半熟状(はんじゅくじょう)に煮(に)ます。』


"Acrescente o frango e a cebola,

deixe em fogo médio por cerca de 3 minutos,

coloque os ovos batidos de maneira circular

e deixe no fogo até ficar semi-cozido."


O verbo 『煮(に)る』 aparece toda hora nos 番組・ばんぐみ, programas de tv, de culinária, e é simplesmente "cozinhar" mesmo.

Por último:


『半量(はんりょう)ずつごはんに載(の)せ、

みつばを散(ち)らして、

出来(でき)(あ)がりです。』


"Coloque meia porção sobre o arroz,

jogue a mitsuba por cima

e está pronto."


Ah, ela diz para colocar meia porção porque a receita é para duas pessoas, esqueci de dizer!

É um dos pratos mais populares do Japão, pois além de saboroso, é muito fácil de ser preparado (a prova disso é que eu consegui fazer!).

Não achavam que iriam ver um post assim por aqui, né?

Muito menos eu!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Como dizer? #009

Lembrei de uma situação curiosa pela qual passei no trabalho, no começo do ano.

Foi assim: determinada pessoa que trabalhava comigo foi me apresentar a um engenheiro que havia acabado de chegar do Japão para nos dar suporte. O problema é que essa pessoa, mesmo sendo descendente de japoneses e ocupando um cargo de 上司・じょうし, chefia, não dominava o nihongo. Até sabia uma certa quantidade de 言葉・ことば, palavras, mas com enorme dificuldade para formar 文・ぶん, frases, o que é bastante comum.

Resultado? Teve que recorrer ao 英語・えいご, que também não era uma maravilha.

A questão é: por mais que você não seja fluente em japonês, é desejável saber no mínimo se auto-apresentar e apresentar alguém. Certo?

"...acho que sim!", alguns devem ter pensado.

Pois é, acredito que no país das formalidades, é interessante saber pelo menos dizer o nome do amigo, colega, familiar etc. para os outros.

Assim sendo, vamos pelo começo: qual é a palavra introdutória essencial?

O nome da pessoa?

Sim, por que não? Mas e depois?

Respondendo com exemplo:


『森田(もりた)さん、こちらは...』

"Sr. Morita, este(a) é..."


Sim, a expressão-chave é 『こちらは』, ou também 『この方(かた)』. Talvez essa segunda opção seja até mais formal.

Ah, coloquei reticências, mas não significa que você precisa dar uma pausa:


"Este é o... ahm... er...."


Por favor, né? Aí sim fica feio, tanto pra pessoa sendo apresentada quanto pro seu conhecido!

Poderia ser algo assim:


『森田さん、こちらはペドロです。』

"Sr. Morita, este é o Pedro."


Mas... não seria 『ペドロさん』?

Depende. Como no exemplo assumi que o introdutor está apresentando o Pedro, que é um colega de trabalho, para o Sr. Morita, a resposta é não.

Isso faz parte da cultura japonesa: os colegas do mesmo nível hierárquico se consideram iguais perante as pessoas de fora, como se fossem da mesma família. Você nunca apresenta um irmão ou irmã colocando 『さん』 depois do nome; é o mesmo princípio.

Bom, depois disso, as possibilidades são infinitas, mas poderia ser algo como:


『ペドロは日本語(にほんご)がとても上手(じょうず)です。』

"O Pedro fala japonês muito bem."


E pronto, o papel do introdutor está acabado. Daí pra frente o Pedro se vira!

Mas e se for o subordinado apresentando o seu próprio chefe?

O organograma empresarial do Japão é bem peculiar: existe 係長・かかりちょう, 班長・はんちょう, 課長・かちょう, 部長・ぶちょう, 所長・しょちょう e vários outros "chō" (que simboliza chefia) espalhados, mas não correspondem exatamente ao cargos conhecidos no Brasil, como coordenador, supervisor, gerente, gerente-geral etc.

Então, para designar um supervisor, pode-se recorrer ao katakana:


『森田さん、こちらはカルロススパーバイザーです。』

"Sr. Morita, este é o supervisor Carlos."


『こちらはネルソンマネージャーです。』

"Este é o gerente Nelson."


Ok?

Foi simples, mas já é bem melhor que ter que recorrer ao inglês, que geralmente não tem nada a ver com a história! :)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O que não fazer no Japão

みなさん、ごぶさたしております。

Faz tempo mesmo desde o último post, por isso àqueles que ainda me acompanham fielmente, peço desculpas pelo relaxo. É verdade que, nesse meio tempo, teve até 結婚式けっこんしき, casamento, do meu 兄・あに, irmão mais velho, mas só isso não justifica minha ausência!

Mas, para me redimir, concluí um post até interessante, sobre coisas que não devem ser feitas no 日本. Para quem se perguntou "Mas e quanto às coisas que devem ser feitas no 日本?", basta fazer uma busca pelo blog, mas num breve futuro, pois é um post que ainda não fiz!

Bom, vamos lá:


1. Não chegue atrasado a compromissos.

Se você marcou um encontro, pessoal ou profissional, faça de tudo para ser pontual. Diferentemente do Brasil, um compromisso às 16:00, por exemplo, começa às 16:00, e não às 16:15.


2. Não erre o nome das pessoas.

Errar ou confundir o nome dos outros é uma gafe que deve ser evitada em qualquer país ou cultura, mas especialmente no Japão, e mais especialmente ainda se tratando do sobrenome. Por quê? Porque lá, por lei, as pessoas podem ter apenas um sobrenome e um nome (salvo o caso de mestiços, que sinceramente não sei como funciona), o que os torna muito orgulhosos em relação a cada um.

Portanto, na dúvida, é até menos pior não chamar um 中田(なかた)さん pelo nome do que chamá-lo de 田中(たなか)さん.


3. Não fale alto em público.

Isso, para mim, deveria ser cultivado no mundo inteiro; é o princípio de que ninguém além do(s) seu(s) interlocutor(es) têm a ver com a sua conversa, portanto não precisam escutá-la. No Brasil, não são raras as situações que beiram o ridículo, com pessoas que berram pra que todos no recinto saibam de sua maravilhosa viagem a Paris (que muitas vezes foi parcelada em 10x pela CVC) ou do seu carro importado recém-comprado (em 80 parcelas).


4. Não fale ao celular em transportes públicos.

Tem a ver com o tópico acima, mas é mais específico: a norma japonesa diz que em trens, metrôs, ônibus etc. o celular pode ser usado para e-mail, SMS, navegar na internet, jogos (sem som ou com fone de ouvido) etc., mas não para ligações.


5. Nunca presenteie um japonês com CD de sertanejo.

"Nunca" significa jamais, em hipótese alguma. A não ser que você queira passar vergonha, nem sequer cogite dar um CD de dupras çertanejas a um nativo, pois ele pode até dizer depois que gostou, mas pode ter certeza que será só por educação. Além disso, essa epidemia que se alastrou no Brasil é problema exclusivo do Brasil; vamos colaborar e poupar o Japão desse desgosto.

Se quiser mesmo comprar um CD como プレゼント, escolha algo de bom gosto, como Tom Jobim, Chico Buarque, Elis etc.


6. Não olhe fixamente nos olhos da pessoa com quem está conversando.

Isso pode soar como o inverso da lógica ocidental, e é mais ou menos por aí. Olhar fixamente nos olhos, o que lá é chamado de 『ジロジロ見(み)』, é considerado desrespeitoso, pois pode deixar a pessoa constrangida. Portanto, olhe nos olhos, mas lembre-se de desviar o olhar com certa frequência.


7. Não cumprimente as mulheres com beijinho.

Por mais que você esteja acostumado a dar beijinhos nas amigas brasileiras, jamais tente reproduzir isso com as japonesas, a não ser que você queira correr o risco de ser acusado de セクハラ, "sexual harassment". Ainda que o Japão tenha se ocidentalizado bastante, especialmente nas últimas duas décadas, eu, particularmente, duvido que algum dia esse hábito fará parte dos seus cumprimentos rotineiros.


8. Não fume em qualquer lugar.

Os japoneses são muito estressados, e uma das consequências disso é a alta porcentagem de fumantes. Mas isso não quer dizer que é permitido acender um cigarro em qualquer lugar; é importante observar as placas nas calçadas, e se atentar para os fumódromos estrategicamente localizados.


9. Nunca dirija alcoolizado.

A lei japonesa, diferentemente da nossa magnífica legislação brasileira, não é tolerante com assassinos que enchem a cara e saem cometendo barbaridades à vontade pelas ruas e rodovias. Fiz uma breve pesquisa na Wikipédia, e a lei contra idiotas alcoolizados funciona da seguinte maneira:

Se, no teste de bafômetro, forem detectadas entre 15 a 25 mg de álcool, a pena é de até 3 anos de cadeia ou multa de até ¥500.000 (cerca de R$10.000).

Mas se for superior a 25 mg, são até 5 anos ou ¥1.000.000, o dobro do valor. Sim, acho que sai mais barato pegar um táxi, a não ser que você esteja em uma 居酒屋・いざかや em Tóquio e more em Hiroshima.


Claro, isso é apenas a minha percepção, e todos são livres para discordar! Aliás, ia escrever 10 tópicos, mas em vez disso, vou deixar aberto para quem queira compartilhar algum ponto de vista ou experiência pessoal! おねがいします!





sábado, 16 de julho de 2011

Sobrevivendo no comércio japonês - Parte III

Dando continuidade à série supracitada, vamos ver algumas das frases mais comuns na hora de pagar a conta.

Você se dirige ao caixa, e possivelmente é recebido pelo(a) caixa com:


お待(ま)たせ致(いた)しました。』


Essa é uma frase padrão que expressa um sentimento de lamentação por ter feito o cliente esperar, mesmo que isso não tenha acontecido. Claro, se de fato você ficar plantado em pé na fila, aí o pedido de desculpas vai ficar mais evidente.

Na seqüência, vamos supor que sua conta tenha dado ¥5680:


ごせんろっぴゃくはちじゅうえんになります。』


Naturalmente, você não é obrigado a entender o valor por extenso, porque ele é exibido em kanji:


五千六百八十円


...mentira. Isso só devia acontecer antes da 2ª Guerra, e olha lá. Hoje em dia até eles mesmos preferem exibir os números em algarismos arábicos, deixando de lado a complexidade dos ideogramas, por motivos óbvios.

Há algumas variações nessa fala, claro. Se for em uma コンビニ, loja de conveniência, não deve fugir muito da frase acima, mas se for um lugar um pouco mais requintado, digamos, poderia ser:


ごせんろっぴゃくはちじゅうえん頂戴(ちょうだい)(いた)します。』



"Mas como assim?", alguém pode perguntar. Afinal de contas, 『ちょうだい』 não é uma forma infantil de pedir as coisas? Pode ser, mas também pode ser utilizada da maneira acima, em um situação bem formal. Pois é, o japonês tem as suas facetas curiosas!

Bom, supondo que você entregue uma nota em que 福沢(ふくざわ)諭吉(ゆきち) está impresso,

deve ouvir como resposta:


一万円(いちまんえん)をお預(あず)かりします。』


Outra frase sem tradução direta, mas é mais ou menos como:


"Estou recebendo 10 mil ienes."


Até hoje dói um pouco no ouvido a palavra "ienes", mas tudo bem.

O おつり, troco, ficaria em ¥4320, portanto:


よんせんさんびゃくにじゅうえんのお返(かえ)しです。』


返します返す é o verbo "devolver, retornar".

Finalmente, vem a parte mais importante, que jamais pode faltar:


ありがとうございました。』


Não preciso traduzir, claro, mas um 質問・しつもん - dúvida - que pode surgir é: "Por que 『ございましたe não 『ございます』?". De fato, é meio difícil explicar a diferença entre as duas expressões; 『ました』 remete ao passado, mas não é tão simples assim.

Aliás... nesse caso até poderia ser dito 『ありがとうございます』, ainda que 『ございました』 seja mais comum (se não me falha a memória). Bom, enquanto não tenho uma explicação convincente do porquê de um e não de outro, digo o seguinte: é bem improvável que você saia de uma loja no Japão com o sentimento de que você acabou de fazer um favor, como costuma acontecer muito por aqui.

Embora um simples "obrigado" possa não parecer tão relevante, no 日本, a sua omissão já justifica uma bela demissão. Não que eu conheça algum exemplo real disso, mas quem conhece um pouco da cultura de lá sabe que não seria um absurdo.

Absurda é a cultura brasileira: "Se EU não sou tratado bem como cliente, por que vou me dar o trabalho de tratar os meus clientes bem?". Não em todos os lugares, eu sei, mas é o que predomina.

Bom, para concluir, o(a) atendente pode complementar com:


またお越(おこ)しくださいませ。』

ou

またお願(ねが)いします。』


Ou outras variações, mas o que querem dizer é basicamente "Volte sempre."

Acho que ainda há conteúdo para mais um post, que novamente espero fazer em menos de 10 dias! :)

では。

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sobrevivendo no comércio japonês - Parte II

Puxa vida, e lá se vão mais 10 dias desde a última postagem... Mas antes esporadicamente do que nunca, certo?

Bom, conforme comentei no finalzinho do último post, vamos ver mais algumas frases que podem ajudar a vida de quem passeia pelo Japão.

Tínhamos visto até 『以上でよろしいですか?』, o que pode ser respondido com um simples 『はい。』. Claro, se quiser adicionar algo, pode dizer, por exemplo:


あっ(あと)ごはんを一杯(いっぱい)お願(ねが)いします。』


A pronúncia é importante, nesse caso. Se disser /i.'ppai/, com ênfase no "pai", vai soar como 『いっぱい』, o que dá a entender que você quer um monte de arroz. Aqui é /'i.ppai/, com o "i" mais forte. é uma medida, uma dose, ou uma tigela (ちゃわん), como no caso. Portanto:


"Ah, e ainda, me veja uma tigela de arroz, por favor."


Aí, é de se esperar que o garçom ou garçonete diga uma das frases imprescindíveis:


かしこまりました。』


Acompanhado por:


少々(しょうしょう)お待(ま)ちください。』


Seria algo como: "Entendido. Por favor aguarde alguns instantes."

Ah sim, esqueci de comentar, mas uma pergunta bastante comum, logo após entrar no estabelecimento, é:


禁煙席(きんえんせき)と喫煙席(きつえんせき)がございますが。』


Calma. Apesar de parecer palavras complexas, não chega a tanto. Acho que já comentei que o kanji 『』 sempre indica proibição, como em 『(た)(い)り禁止(きんし)』, "proibido entrar". Já 『』 também é lido como 『けむり』, "fumaça". Aí fica fácil entender:


"Temos ala de não fumantes e fumantes..."


É, não é uma pergunta, mas é uma maneira muito usada para averiguar a opinião ou preferência de alguém, terminando a frase com 『』. Por exemplo:


『アイフォーンは白(しろ)と黒(くろ)があります。』

"Temos iPhone branco e preto..."


Entendem? Deixa implícita a pergunta どちらにしますか?』, "Qual você gostaria?".

Voltando ao assunto anterior, vejamos...

Como pedir a conta?

Bom, é de se esperar que o gesto universal de "Me veja a conta!" funcione, e de fato funciona. Mas se quiser caprichar, pode dizer:


お会計(かいけい)の方(ほう)(おねがいします)。』


Mais uma vez, podemos deixar uma parte implícita; no caso, o 『お願いします』. O importante aqui é a palavra 『会計』, que é a conta em si.

Talvez alguém pergunte: "Mas e 勘定(かんじょう)』, não se usa?". Eu diria que... não, não muito. Acredito que seja uma palavra que tenha caído em desuso, pois é fato que quase não se ouve falar dela no Japão de hoje em dia (pelo menos pela minha experiência).

Ah, no Japão não existe taxa de serviço, tampouco gorjeta. O que pode ser cobrado além do valor consumido é o 消費税しょうひぜい, o imposto de 5%, embora em muitos casos ele já esteja embutido.

Lembro de uma vez, há mais de 15 anos, quando fui comprar uma barrinha de chocolate que custava ¥100 (e até hoje continua o mesmo preço), aproveitando o fato de ter justamente uma única moeda de ¥100 no bolso. Fui lá todo contente pagar, mas... a tia se recusou a vender a mísera チョコレートバー por causa de ¥3 de imposto! Pois é... foi assim, na prática, que eu aprendi o a palavra 消費税.

Ah sim, a taxa subiu de 3 para 5% no ano de 1997, se não me engano.

Bom, acho que a próxima parte seria o pagamento em si, mas... acho que já ficou meio longo, então vou deixar para a terceira e última (talvez penúltima) parte desse assunto! Prometo não demorar 10 dias até a próxima postagem. 約束(やくそく)です

それでは!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobrevivendo no comércio japonês

Uma das coisas mais admiráveis do Japão, que eu sempre fiz questão de ressaltar por aqui, é a postura dos lojistas e comerciantes diante de seus clientes. Quem já esteve lá sabe do que estou falando: de um modo geral, eles são extremamente cordiais, educados e eficientes igualzinho aqui no Brasil.

Mas também é verdade que, sem conhecer algumas palavras e expressões-chave, uma simples compra em território japonês pode se tornar uma verdadeira missão.

Se você é ocidental, pode se preparar que possivelmente o(a) atendente vai tentar se comunicar em inglês, mas infelizmente, na maioria das vezes esse inglês tende para o famoso Engrish. Assim sendo, é melhor ter uma noção das frases mais comumente usadas.

Claro, é impossível prever com exatidão o que o(a) atendente vai falar, mas vamos ver algumas possibilidades?

Ao entrar no estabelecimento, é regra escutar um 『いらっしゃいませ』, "Seja bem-vindo". Aliás, até em alguns restaurantes da Liberdade, em São Paulo, é possível ser saudado assim.

Supondo que seja um restaurante, a primeira pergunta feita pelo garçom deve ser:


何名(なんめい)(さま)ですか?』


』: "Quantos", 『』: contador específico para clientes, 『』: tratamento formal. Portanto:


"Seriam quantas pessoas?"


A resposta pode ser 『1名(いちめい)』, 『2名』, 『569名』 etc. Ah sim, acompanhado por 『です』.

Na sequência, quando já estiver acomodado na mesa, é entregue o indispensável おしぼり:


Cuidado! Já ouvi relatos de pessoas que, inocentemente, acharam que se tratava de uma espécie de aperitivo, e foram direto dando uma dentada.

Hm... é, pelo fato de ser enrolado todo bonitinho, quente (eles são literalmente cozinhados em uma máquina, antes de serem entregues aos clientes) e branquinho, até que... não, não. É para limpar as mãos e, no máximo, o rosto.

Bom, depois que você der uma olhada no メニュー, menu, o garçom ou garçonete irá anotar os pedidos, e possivelmente perguntar:


お決(き)まりですか?』


Muita calma nessa hora.

A pergunta é simplesmente:


"Decidiram?"


Hoje em dia, boa parte dos restaurantes oferece cardápio em inglês, o que pode vir a facilitar bastante. Para fazer o pedido, é bem simples:


カレーライスを一(ひと)つと(や)き魚(ざかな)定食(ていしょく)を一つ。』

"Um curry-rice e um yakizakana teishoku."


Só um exemplo, claro. Quanto à próxima pergunta, há grandes chances de ser:


お飲(の)み物(もの)?』

"E para beber?"


Existem várias opções, geralmente. Mas uma recomendação é:


(なま)(ふた)。』


』 é o kanji de energia, ou mesmo vida, mas engana-se quem pensa que vai vir algo ainda se debatendo. 『生・なま』 é o reduzido de 『生ビール』, "chopp". Pela minha experiência, os 生 do Japão são muito bons, e vêm servidos em canecas super geladas. Geralmente é uma opção melhor que ビンビール, cerveja em garrafa.

Bom, a próxima pergunta pode ser:


以上(いじょう)でよろしいですか?』

"Algo mais?"


A tradução literal não é bem essa, mas o sentido é bem esse.

さて, acho que o post já ficou longo. Melhor quebrar o assunto em algumas partes!

それでは!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

No trabalho - Parte II

Continuando o post anterior, vamos ver algumas frases que podem e devem ser ditas na troca de e-mails.

Se for o primeiro contato com a pessoa, é necessária uma breve 自己紹介じこしょうかい, auto-apresentação:


お世話(せわ)になります購買(こうばい)部門(ぶもん)の田村(たむら)と申(もう)します。』


購買部門』 é "Setor de Compras", e 『と申します』, a expressão formal usada para se apresentar.

Já o 『お世話になります』, é uma das expressões mais importantes do jargão corporativo. Não há tradução direta, mas deve ser usada toda vez que a pessoa com quem você se comunica lhe fará qualquer tipo de favor, mesmo que seja uma simples informação.

Por isso, o emprego dessa frase não deve se limitar ao primeiro contato; na dúvida, use-a.

Outra 表現ひょうげん, expressão, muito importante para pedir qualquer tipo de favor é:


『申し訳(わけ)ありませんが、』


A tradução seria mais ou menos "Perdão pelo incômodo, mas...":


申し訳ありませんが、部品(ぶひん)の番号(ばんごう)を確認(かくにん)してもらえますか?』

"Perdão pelo incômodo, mas você poderia verificar o código do componente?"


Aliás, 『確認』 é outra キーワード, palavra-chave! Não só no trabalho, mas no cotidiano
também é bastante usada.

Além de 『お世話になります』, há a variação 『いつもお世話になっております』, que valoriza a relação estabelecida há certo tempo. Também é utilizada no início do メール.

Para finalizar, um padrão bastante comum é:


よろしくお願(ねが)いいたします。』


Alguém pode perguntar a diferença entre 『します』 e 『いたします』, então já me antecipo: 『いたします・致します』 é a forma polida de 『します』; mais precisamente, é a tal da 『謙譲語けんじょうご』, uma das características mais peculiares do nihongo, a linguagem para se rebaixar perante a outra pessoa.

Bom, acho que por hoje fico por aqui, mas acho que ainda vou fazer uns dois posts sobre esse tema "No trabalho"!

terça-feira, 19 de abril de 2011

No trabalho - Parte I

Desde que comecei a trabalhar na Honda, tenho usado o nihongo diariamente, seja para traduzir documentos ou para conversar com os staff que entendem português tanto quanto eu entendo de transplante de órgãos. Nesse meio tempo, percebi que uma dificuldade comum entre as pessoas que tentam se comunicar em japonês é a questão da linguagem usada no ambiente de trabalho.

Como se sabe, o idioma nipônico é meio transformer: muda de acordo com a situação, e dentro de uma empresa também existe um vocabulário próprio, cheio de peculiaridades.

Mas foi aí que reparei que essa é uma dificuldade minha também! Por não ter usado muito o nihongo profissionalmente - exceto dando aulas, que é bem diferente de dentro de um escritório -, logo percebi que me faltava familiaridade com o jargão corporativo.

Por isso, decidi abordar essa questão que espero que seja útil para as pessoas que eventualmente se deparem com situações parecidas.

Começando pelo começo: as saudações.

No início do dia, cabe um bom e velho 『おはようございます』 mesmo, lembrando que o 『ございます』 é obrigatório, salvo em ocasiões informais.

No ano passado comentei que, para a minha surpresa, おはようございます pode ser usado em qualquer horário do dia no ambiente de trabalho, mas como aqui no Brasil poucas pessoas sabem disso, talvez seja melhor restringir seu uso à parte da manhã mesmo. Isso porque seus colegas brasileiros podem olhar torto e pensar "Ele(a) tá dizendo 'Bom dia' às 3 da tarde?".

Pois é. Em outras palavras, de tarde cabe um 『こんにちは』, e à noite, 『こんばんは』.

O problema maior é na hora de ir embora! Engana-se quem acha que um simples 『さようなら』 resolva a questão. Isto é, resolver até resolve, mas não da melhor maneira. O mais adequado a ser dito por quem está se retirando antes dos demais é:


『お先(さき)に失礼(しつれい)します。』



Se a pessoa for educada, deve responder:


お疲(つか)れ様(さま)です!』



Nenhuma das expressões possui uma tradução própria, mas seria mais ou menos "Com licença, estou me retirando" e "Bom descanso", respectivamente.

De um modo geral, os japoneses são bastante esforçados e tentam nos saudar em português e até dizer algumas palavras simples, mas tenho certeza que eles se sentem muito bem quando a cordialidade parte do lado brasileiro também! Afinal, há de existir reciprocidade, certo?

Acho que está bom para o começo, não? Mais abordagem a seguir!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Empresas japonesas x brasileiras

Credo, o intervalo entre os posts está ficando cada vez maior! A última publicação foi no dia 23 do mês passado...

Bom, pelo menos dessa vez eu tive uma desculpa verdadeira: fiquei sem internet durante 5 dias! Isso por causa de um simples かみなり, raio, que caiu aqui perto e deixou o bairro inteiro sem conexão.

Eu sei que não devo, mas em situações como essa, fica difícil não comparar a qualidade do サービス, serviço, das empresas brasileiras com as japonesas. Enquanto as de lá (Japão) primam por fazer tudo com perfeição, as daqui parecem disputar quem é a menos pior.

Recentemente, chamou muita atenção a reconstrução da rodovia da cidade de Naka (província de Ibaraki) em apenas 6 dias, mas nem preciso ir tão longe para deixar evidente o quão abismal é essa diferença.

No último mês de fevereiro, pedi à minha amiga mineira Érika, que me trouxesse um iPod do Japão. Era bastante simples: eu o encomendaria daqui do Brasil, pela Amazon Japan, e pediria que fosse entregue na Jica, onde ela estava hospedada. Isso foi numa quinta-feira de manhã (horário brasileiro), e ela pegaria o voo para Guarulhos no sábado ao meio-dia (horário japonês). Como no site constava que o pedido seria entregue na sexta-feira - e eu sabia que poderia confiar nessa informação -, confirmei o pedido e fiquei tranquilo.

Mas, por algum motivo, o sistema entendeu que eu iria pagar pelo produto no momento da entrega, em 現金げんきん, cash, e não com クレジットカード, cartão de crédito, como eu queria. Consequência: foram sim fazer a entrega na sexta à noite, mas como a Érika não estava naquele momento, tiveram que levar a mercadoria de volta ao depósito.

O que surpreende não é o fato de terem cumprido a promessa e terem entregue (ou melhor, tentado entregar) o pedido em menos de 24 horas corridas, e sim o fato de eles terem retornado à Jica no sábado de manhã, sem que ninguém entrasse em contato!

Fim de história: meu novo iPod está aqui comigo, graças ao serviço super eficiente da Amazon Japan. Isso até soaria como propaganda, mas o fato é que, por lá, deixar o cliente satisfeito é mais que óbvio. É questão de honra.

Já aqui... estou há mais de um mês lutando para conseguir a troca de uma mesa que veio errada (ah, que fique bem claro: comprei no Magazine Luiza), e fiquei sem acesso à web (NET) durante mais de 90 horas por causa de um relâmpago. Lembrando que, no meio do caos causado pelo terremoto de 11 de março, os japoneses conseguiam se comunicar por e-mails com seus parentes.

Bom, apenas para concluir esse desabafo, deixo duas palavras que expressam bem o meu sentimento em relação à maioria das empresas tupiniquins:


不満・ふまん


不愉快・ふゆかい



Respectivamente: "insatisfação/insatisfeito" e "indignação/indignado".


『インターネットの会社(かいしゃ)のサービスが不満です。』

"Estou insatisfeito com o serviço da empresa de internet."


『1ヶ月(いっかげつ)以上(いじょう)たっても問題(もんだい)を解決(かいけつ)しないですから、不愉快です。』

"Estou indignado porque não resolvem o problema mesmo depois de mais de um mês."

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dificuldade para encontrar palavras...

Pensei em me manifestar através do blog logo após ficar sabendo do terrível 地震・じしん que assolou o nordeste japonês, mas fiquei sem reação.

Até agora não sei o que escrever, não sei como expressar direito o que sinto ao ler notícias relatando que o número de mortos subiu para tal, que milhares ainda continuam desaparecidos e que há um sério risco de contaminação por radiação.

Ainda que seja possível afirmar que o estrago teria sido infinitamente maior se não fosse pela infra-estrutura do país, não há como não lamentar a imensurável dor das pessoas que, de repente, perderam o que lhes era mais importante.

Em janeiro de 1995, quando a região de 神戸・こうべ foi arrasada pelo 阪神大震災・はんしんだいしんさい (nome dado ao terremoto, em referência à região de 阪神), eu morava na província de Hiroshima, bem afastada do epicentro. Mas apesar da distância, lembro exatamente como acordamos assustados de madrugada, com o barulho dos ふすま (aquelas portas tradicionais, de correr) tremendo. Como foram apenas alguns segundos, jamais eu poderia imaginar que, algumas horas depois, quando acordasse para ir para a escola, eu me depararia com um completo caos pela tv.

Nos dias que seguiram, só se falava da estimativa de vítimas fatais, de desabrigados, da dimensão do prejuízo... Mas no meio de tudo isso, uma coisa que me marcou bastante - mesmo sendo apenas uma criança, então - foi a agilidade com que o governo socorreu a população. Em questão de poucas semanas, todos que haviam perdido suas casas já estavam morando em residências provisórias fornecidas pela prefeitura.

Não vou nem entrar na velha comparação que sempre teimo em fazer ("E se fosse aqui no Brasil?"), mas a maneira com que a cidade se reergueu em um espaço de tempo tão curto foi realmente admirável. É claro que, para tal, foi necessária uma grande quantidade de verba pública bem administrada, mas eu acredito que só isso não teria sido suficiente.

Sempre disse que o povo japonês é dono de uma peculiaridade muito honrável: a capacidade de pensar coletivamente. No post anterior, falei sobre a empresa que oferece atores para ocasiões solenes, mas não cheguei a comentar sobre a segunda metade do podcast, que diz respeito justamente dessa característica que faz tanta falta aqui no Brasil.

A curiosidade é que, até o ano de 1884, no idioma japonês não existia a palavra "individual"):



Apenas quando um documento precisou ser traduzido é que "criaram" esse termo, unindo dois kanji.

No lugar de 個人, a palavra que mais bem representa o comportamento nipônico é:




A entrevistada pelo repórter da BBC define o conceito de 世間 da seguinte maneira:

"Uma espécie de comunidade que existe entre os indivíduos da sociedade; é próxima a uma sociedade, mas um tipo imaginário de comunidade pela qual ele ou ela tem responsabilidade social"


Ligada a isso, existe também:





」é o kanji de "corpo", 「からだ」, o que faz sentido se pensarmos que a dita "comunidade imaginária" funciona como um organismo, composto por vários integrantes com funções específicas.

A antropóloga entrevistada no podcast comenta que, dentro de uma 世間体, é dado muito valor à maneira como cada pessoa é vista. Enquanto morei no Japão, pude entender o que é isso na prática: mesmo que você não conheça pessoalmente os membros da sua comunidade, pode ter certeza que eles estão lhe observando, e discretamente cobrando que você siga um determinado padrão de comportamento.

"Mas o que isso tem a ver com o assunto do terremoto?", alguns podem estar se perguntando. Pode não ter relação direta, mas eu penso da seguinte maneira: o que é necessário para conseguir viver harmoniosamente seguindo a filosofia 世間体? Talvez exista mais que uma resposta, mas certamente um dos elementos essenciais é disciplina, muita disciplina.

Eu, sinceramente, não sei se a famosa disciplina japonesa é uma condição ou um fruto do 世間体, mas podemos afirmar que somente graças a ela, junto com muita determinação, o país conseguiu superar tantas situações catastróficas até hoje (sendo a principal delas a bomba de Hiroshima, claro).

É certo que vai levar um tempo até que os acontecimentos de 11 de março de 2011 possam ser lembrados com naturalidade (exceto para aqueles que perderam familiares, pois para esses, a vida nunca mais será a mesma), mas torço para que, mais uma vez, o povo japonês faça bom uso de suas principais virtudes, e torne esse processo de superação um pouco menos doloroso.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Só no Japão... Mesmo!

Hoje, durante a volta do trabalho, fui surpreendido por um dos podcasts mais interessantes que já escutei.

Intitulado "A Friend in Need", o curto documentário da BBC relata um tipo de empreendimento tão, mas tão exótico, que me fez sentir mais ainda que o Japão é um país de outra dimensão: recrutamento de atores para casamentos.

Isso, isso mesmo. Basicamente, a "empresa" (logo explico o motivo das aspas) batizada de はげまし隊(たい) - um trocadilho entre 「(はげ)ましたい」, "querer parabenizar" e 「」, de "tropa" - contrata pessoas cuja missão é fingir ser convidado do noivo ou da noiva. Detalhe: sem que o(a) parceiro(a) saiba, se precisar!

O que soa como algo totalmente non-sense não só para nós ocidentais (ok, nós da cultura ocidental) como para a maioria dos países deste planeta - acredito eu -, tem se mostrado uma solução bastante eficaz na terra do Sol nascente; prova disso é a sua demanda que, há quatro anos, não para de crescer.

Ryuichi Ichinokawa, um ex-assalariado padrão (chamado "salary-man"), enxergou uma oportunidade de negócios no meio de uma das peculiaridades mais marcantes de seu país: o orgulho.

Conta que sua primeira cliente estava para se casar, mas a situação "vergonhosa" de seus pais a deixou relutante: eram divorciados. O que já até deixou de ser tabu na nossa sociedade, levou a jovem a tomar uma decisão curiosa: contactou a Hagemashi-tai e pediu que um casal de atores de meia-idade se passasse por seus pais na cerimônia.

Pedido feito, pedido atendido: ninguém descobriu que os "pais" eram, na verdade, dois desconhecidos que haviam memorizado todas as informações pessoais de sua "filha".

A pergunta que não quer calar é: e os pais verdadeiros? Como se sentiram sabendo que foram substituídos por atores, contratados pela própria filha? Ou será que não ficaram sabendo?

Outro caso bastante interessante (ou bizarro, talvez) é de um jovem cujos pais haviam falecido, e temia que isso pudesse interferir no casamento, já que a família da noiva era bastante conservadora. Não hesitou, e solicitou a presença de quase 30 atores, que fizeram papeis de parentes, amigos e até mesmo do seu chefe da empresa onde trabalhava - ou melhor, onde havia trabalhado, pois pouco antes do dia D, havia sido demitido.

Se o orgulho o impediu de contar à futura esposa que seus próprios pais já não eram vivos, o que dirá o status "humilhante" de desempregado? Mas isso não foi problema: desembolsou cerca de ¥400 mil (algo em torno de R$8100), dinheiro que havia recebido como acerto da empresa, para que pudesse oficializar seu matrimônio de cabeça erguida.

O repórter da BBC entrevistou uma das voluntárias desse caso, que atuou como irmã do Sr. Hoshino, o protagonista. Ao ser questionada se não sentia peso na consciência por fazer parte de uma mentira, a moça de 28 anos responde que de fato sente culpa, mas sabe que, no fundo, está ajudando uma pessoa. Ela ainda acrescenta que seu ボランティア精神(せいしん), espírito de voluntária, é que a torna tão boa no que faz, pois o valor monetário que recebe pelo trabalho é bem baixo.

O próprio Sr. Hoshino também diz ter sentido 罪悪感・ざいあくかん - sentimento de culpa -, mas não se arrepende de sua escolha; afinal de contas, até o prefeito da cidade estava entre os convidados; era questão de vida ou morte (talvez literalmente!).

Uma coisa surpreendente é que nem mesmo sua esposa sabia dos falsos pais. "Achei que (ela e meus sogros) fossem ficar bravos e gritar comigo, mas foram compreensivos", conta.

Como vocês se sentiriam na situação dele? E na dela? Conseguem se imaginar cumprimentando seus supostos sogros, e depois descobrir que eram apenas atores assumindo o lugar de pessoas falecidas?

Pois é. No país chamado Japão, onde muitas vezes o orgulho fala mais alto que a razão, casos como o do Sr. Hoshino não são absurdos.

O podcast ainda fala de outras coisas muito interessantes ainda, mas como já ficou longo, vou dividir o post em duas partes. E quem quiser escutá-lo na íntegra, clique aqui.

Ah, peço desculpas pelo longo período sem postagens. Mas ainda vou responder as perguntas pendentes!

では!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Fazer5S?

Quem já ouviu falar em "Fazer 5S"?

Com certeza muitos. O termo "Cinco S", criado no Japão, se popularizou no mundo inteiro e hoje faz parte do jargão empresarial. É comum ouvir "Hoje é dia de 5S", ou "Vamos fazer um 5S na sala".

O que poucos sabem é que dizer "Fazer 5S" não está 100% certo.

Bom, para começo de conversa, no que consiste o tal de 5S, que no Nihon é chamado de『ごエス』?

Copiei a definição da Wikipédia:


整理・せいり

“いらないものを捨(す)てる”


整頓・せいとん

“決(き)められた物(もの)を決められた場所(ばしょ)に置(お)き、いつでも取(と)り出(だ)せる状態(じょうたい)にしておく”


清掃・せいそう

“常(つね)に掃除(そうじ)をして、職場(しょくば)を清潔(せいけつ)に保(たも)つ”



清潔・せいけつ

“3S(上の整理・整頓・清掃)を維持(いじ)する”


躾・しつけ

“決められたルール・手順(てじゅん)を正(ただ)しく守(まも)る習慣(しゅうかん)をつける”



Certo?

Agora vamos ver a tradução:


Seiri

"Jogar fora as coisas desnecessárias"


Seiton

"Deixar as coisas em seus devidos lugares, para que possam ser usados a qualquer momento."


Seisō

"Fazer faxina regularmente, mantendo o local de trabalho limpo."


Seiketsu

"Manter os 3S (seiri, seiton e seisō)"


Shitsuke

"Cultivar o hábito de cumprir corretamente as regras e procedimentos estabelecidos."


Entendem por que "Vamos fazer 5S" soa um pouco estranho? Afinal, ao fazer uma faxina, geralmente você está pensando apenas naquele momento, sem se preocupar com o o que vai acontecer depois disso, não é verdade?

Ah, isso não sou eu que estou dizendo; vi em um livro de engenharia no Japão mesmo: 『4Sをする』.

Portanto, a partir de hoje você pode corrigir as pessoas que usarem o termo incorretamente! Mas lembrando: o termo "5S" existe e é uma das filosofias mais conhecidas no mundo corporativo, que diz respeito não apenas à limpeza em si, mas também à disciplina que deve ser criada para que o ambiente seja mantido limpo e organizado!

Vou ficar devendo a palavra do dia! ごめんなさい!

では!