quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fotos de Hiroshima e algo mais.

Ok, esse post eu dedico pro Akira-san, que me cobrou as fotos de Hiroshima! :)

Como já devo ter falado algumas vezes por aqui, eu morei na província de Hiroshima dos meus 9 aos 14 anos, mas não exatamente na cidade que em 6 de agosto de 1945 foi reduzida a pó pela bomba "Little Boy", e sim mais para o leste. Logo abaixo tem algumas fotos da minha mini-ex-cidade.

Este é o famoso 原爆(げんばく)ドーム, um dos únicos prédios que ficaram inteiros após a explosão da bomba. O nome 原爆 vem de 原子(げんし)爆弾(ばくだん), "Átomo" e "Bomba", que juntos significam "bomba atômica", naturalmente.

Logo ao lado, fica o Parque Memorial da Paz, 平和(へいわ)記念(きねん)公園(こうえん).

Junto ao parque, tem o museu da bomba atômica, um lugar que deveria ser visitado por cada habitante deste planeta. Pelas minhas contas, foi a quarta vez que entrei, mas ainda assim vale a pena para refletir sobre esse acontecimento absurdamente horrível.

Alguns itens expostos são muito, muito chocantes. Desculpem-me se alguém se sentir mal com a foto abaixo, mas acho que é bom para que todos saibam o que significa um ataque nuclear, na prática:

Digamos que ele teve a infelicidade de sobreviver à explosão, para depois ficar neste estado.

Pra mim, o mais natural é sair do museu pensando na capacidade que o ser humano tem de cometer atrocidades como esta.

Bom, mudando de atmosfera um pouco, as fotos abaixo são do lugar onde morei, chamado de Higashi-Hiroshima New Town (quando chegamos, realmente era novo), com pouco mais de 7000 habitantes.


É engraçado como muito pouca coisa mudou. Foi como voltar no tempo.


Domingo, aqui, é igual às cidadezinhas do interior brasileiro, sem quase ninguém na rua.

Esta é o 高美(たかみ)が丘(おか)中学校(ちゅうがっこう), onde estudei por quase 3 anos. Começa a dar sinais de "velhice".

Aqui, passei por poucas e boas... tinha um professor de tênis de dupla personalidade: na aula de estudos sociais, não parava de sorrir, mas era só chegar na quadra que virava um psicopata sádico.

Não guardo muitas lembranças agradáveis deste lugar, pra dizer a verdade. Lembro que um veterano meu levou um tapa na cara e saiu chorando de soluçar... isso tudo porque não fez uma boa partida!

Mas tirando esta parte, foi realmente emocionante revisitar um lugar depois de tanto tempo (12 anos). Muitas lembranças, nem todas boas, mas é o lugar que, de certa forma, moldou o que sou hoje.

Na hora de ir embora, pensei: "Será que vou voltar aqui mais alguma vez?".


P.S. Na volta, digitei um post com conteúdo gramatical, mas devido à falta de conexão wi-fi aqui na Jica, não consegui postá-lo ainda!

11 comentários:

Anônimo disse...

Olá Gabriel,

Parabéns pelo site tá muito bom.
Este post sobre Hiroshima me emocionou. Pelas fotos parece um outro planeta, algo fora da realidade, só quem viveu estes momentos sabe como descrever isso, palavras não alcançam o que este povo sofreu.NADA justifica o roube de vidas.

Sobre a tua infância, acho que as dificuldades nos tornam pessoas melhores (passamos a considerar mais os que choram).
Mas ainda assim sente-se uma ponta de melancolia nas tuas palavras :)

Abraços, Adriana - RS

Rodrigo disse...

Rapazzzz, muito legal essas fotos!!
Eu tbm nw entendo o ser humano. O mais deprimente é pensar que, mesmo dps desse acontecimento, ainda tivemos vários outros, inclusive relativamente piores. Enfim, enquanto a espécie estiver viva teremos guerra. É fato! mass.....
Imagino a nostalgia q deve ter te dado hahhaahaha
tapa na cara?... q horror
abraço

Anônimo disse...

Adorei seu blog! Acompanho efetivamente a pouco tempo, mas é bom saber que existe uma pessoa que se dedica tanto para mostrar ao mundo o idioma japonês.
Suas fotos são lindas e posts bem organizados, parabéns!

Ah! eu senti falta de comida... xD~
Será que não poderia nos contar como anda se alimentando por aí? ;)

Kato Enterprising disse...

Sabe que há uma espécie de ... filial desse museu aqui em São Paulo? Pois é, lá no Memorial do Imigrante, que fica no bairro do Brás. Tem um anexo lá com algumas reproduções dessas fotos e outras mais. É realmente impressionante.
Ueda-kun, Higashi-Hiroshima me lembrou Toyokawa-shi. Aquela paz. Impressionante a quantidade de "lixo" nas ruas, você percebeu isso em Yokohama? E em Tokyo?
Essa responsabilidade e comprometimento dos japoneses é de impressionar, nem naquele cruzamento doido de Ginza eu vi um papelzinho sequer.

Lembrei que tenho um conhecido que toca MPB (pricipalmente Bossa Nova) em Tokyo. Você devia marcar um dia e levar esses seus novos amigos japoneses e de outras nacionalidades pra ouvir o rapaz, que até já gravou disco nos anos 80. Coisa meio underground, mas de muito sucesso na SuperCap. Vou verificar a agenda, quem sabe.

Conta mais, foi de que? Shinkansen? A pé?

Saudades daquelas latinhas de café das maquininhas...

abraços

ariel disse...

nada melhor que relembrar a infância...

Anônimo disse...

Olá!
Gabriel-kun:
Uma coisa me chamou a atenção em seu post...Com a crise, muitos problemas que eram mascarados pelo dinheiro, vieram à tona...Enfim, os brasileiros no Japão, enfrentam uma nova realidade e um novo paradigma tem mostrado o ar de sua graça.
Não responda se não quiser. Gostaria de saber se, no seu íntimo, o fato de ter sido educado no Japão te moldou, digamos, de uma melhor forma e se, malgrado as más lembranças, você faria tudo outra vez...
Saudações.

Gabriel disse...

Ok, vou responder por partes!

Mas antes gostaria de agradecer pelas visitas ao blog e pelos comentários! :)

Lilian, fico contente que vc tem gostado dos posts! Espero conseguir continuar agradando!

Quando à questão da comida, hmm... é, tem horas que é meio complicado. Bom, para pessoas que não têm frescura pra comida, como eu (em partes porque meus pais me obrigavam a comer de tudo, na minha infância), não há maiores problemas. Claro que é muito diferente da comida brasileiras, mas se me perguntarem se sinto falta de arroz e feijão, respondo sem hesitar que não!

O que faz falta é mesmo a carne bovina... tem muito pouco mesmo. Engraçado que na minha primeira estada, não cheguei a sentir isso, mas agora...! Claro, exite, mas o preço é bem salgado, e se for carne daqui, as famosas 和牛(わぎゅう), aí não é preço salgado, e sim astronômico!

Mas em compensação, os doces daqui são muito, muito bons. Diferentemente dos doces brasileiros que, pra mim, são intragáveis de tão doces, os daqui têm um sabor bem suave e refinado. Eis um motivo das mulheres, principalmente, terem tendência a engordar, quando vêm pra cá!

Sem contar, claro, que as principais redes de fast-food americanas estão presentes em solo japonês, então na pior das hipóteses, tem-se essa alternativa! :P

Gabriel disse...

Akira-san, realmente a limpeza das ruas daqui é algo admirável! Essa região do Minatomirai então, por ser turística, é especialmente limpa. De noite vejo os caminhões de limpeza que passam tirando as folhas que ficam no meio-fio, mas o principal mesmo é o que vc disse, a atitude do povo de querer manter o lugar em ordem!

Dependendo do lugar, é meio sujo sim... Shinjuku mesmo, no lado oposto aos arranha-céus, ficam muitos bares e lojas voltadas para jovens (e outros estabelecimentos de índole duvidosa), que chegam a lembrar o Brasil. Pois é, por aqui há contrastes também!

Ah, fui de Shinkansen sim! Até filmei a chegada do Nozomi, na volta... quem sabe posto por aqui! O pior mesmo é que nos atrasamos no embarque da ida, e tivemos um prejuízo básico de ¥18000, uns U$200! Coisa de "turista" burro mesmo... :(

Lembrou do nome do cantor?

Abraços!

Gabriel disse...

Anônimo(a)-san,

Interessante a pergunta! Mas é fácil de responder: "Com certeza a educação japonesa foi boa para a formação do meu caráter!".

É difícil dizer que hoje sou uma pessoa "melhor" do que seria se não tivesse vindo pra cá na infância, afinal o conceito de "melhor" é meio abstrato.

Mas o que posso dizer é que esta experiência, de passar 5 anos aqui, me deu uma perspectiva diferente quanto à situação brasileira. Na época, quando voltei, já pude sentir que muitas coisas, como educação, segurança e saúde pública, estão simplesmente erradas no Brasil.

Muito se diz sobre o crescimento brasileiro, altas expectativas e tudo mais, mas sempre questiono se questões básicas como essas vão chegar ao nível de países desenvolvidos. Eu duvido muito, mas essa é outra questão!

Enfim, acho que isso contribuiu para que eu olhasse para a realidade brasileira de uma maneira mais crítica. Mesmo estando aí, claro que questionamos muitas coisas, mas ao conhecer o sistema de um país de primeiro mundo, percebe-se que elas são, na verdade, muito, muito piores ainda.

Resumindo, foi muito bom sim ter morado aqui, sem dúvidas! Foi assim que eu entendi o significado da expressão "abrir a mente"! :)

Kato Enterprising disse...

Pituco... aí no japs é Tony Freitas.
Vouversetem agenda...

Anônimo disse...

Parabêns pelo sucesso dos posts!
Eventualmente acompanho, mas hoje tirei um tempo para comentar :)

Espero que continue tendo a oportunidade de nos trazer coisas interessantes daí! Até recomendo se puder, buscar uma forma de capitalizar com o que está divulgando, assim poderá fazer por mais tempo, ou ao menos, com mais recursos.

Apoio a idéia da Lilian, gostaria de saber o que vc come por aí :P