Voltando rapidamente ao assunto
敬語・けいご, a linguagem respeitosa, vamos falar da
謙譲語・けんじょうご.
Quem se interessa pela cultura japonesa deve ter percebido que a maneira como as pessoas interagem lá no Japão (queria poder dizer
aqui no Japão!), quando comparada à moda brasileira, é
totalmente diferente. Isso é facilmente percebido, mesmo sem nunca ter morado ou passeado por lá.
Um dos principais fatores por trás disso é justamente a tal da
謙譲語, a linguagem usada para
se rebaixar perante outra pessoa, em sinal de
respeito. Não digo se rebaixar no sentido de
se humilhar, mas fazer uso de
palavras e gestos que
exaltem a importância da pessoa com quem interage. Em outras palavras, usar a 謙譲語 consiste em
demonstrar humildade, ao mesmo tempo que
valoriza os demais. Igualzinho ao Brasil, hã?
Para se ter uma ideia de como esse comportamento se reflete na linguagem, vamos ver um exemplo bem simples:
『中田(なかた)です。広島県(ひろしまけん)から来(き)ました。』Essa seria uma frase polida, mas
padrão. Diz:
"Chamo-me Nakata. Vim da província de Hiroshima."Dependendo da situação, ela está
perfeita! Mas se, por exemplo, for um funcionário da empresa
A visitando a empresa
B, cabe mais dizer:
『中田と申(もう)します。広島県から参(まい)りました。』Sim, 『
参ります』é a versão de『
来ます』na 謙譲語, e na autoapresentação, o 『
です』dá lugar a『
申します』.
Fácil?
Talvez esse exemplo, mas saibam que o uso da 謙譲語 é algo
bem complicado até mesmo para os
próprios japoneses. Junto como 尊敬語・そんけいご, compõe uma espécie de
norma de conduta para os 社会人
(しゃかいじん)da sociedade nipônica. Isso significa que, para ser respeitado no "
mundo de gente grande", é preciso saber respeitar. Nada mais justo, e até
óbvio (porém utópico no Brasil).
Outro exemplo bem simples é:
『よろしくお願(ねが)いします。』
↓
『よろしくお願いいたします。』O verbo 『する・します』『致
(いた)す・致します』. Mas não para por aí! Você pode ser
ainda mais formal e dizer:
『よろしくお願い申し上(あ)げます。』Pois é. Vendo assim, o nosso bão e véio português parece ser
tão mais simples, não?
Mas... será que é mesmo? Porque afinal de contas, qual será a porcentagem de brasileiros que
realmente domina sua língua nativa, e
quão mais baixa ela deve ser quando comparada à do Japão?
Hmm... É, eu sei, a comparação não é muito válida, porque o Japão investiu pesadamente em educação, não tem tanta desigualdade social, blá blá blá, mas... Será que só eu acho
gritante a quantidade de erros elementares cometidos por pessoas supostamente qualificadas, estudadas, nesse país?
Recentemente, a
Globo News cometeu uma gafe
épica ao confundir "
mas" com "
mais". Tudo bem que, com o internetês, esse erro ficou
tão comum que não é de se surpreender se em breve decidirem que está certo, mas pô... Globo News!
...certeza que culparam o
estagiário!
Bom, esse foi o momento revolta. Pra que serve eu não sei, mas nem tudo precisa ter um propósito, precisa?
...também não sei!
では。