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terça-feira, 20 de abril de 2010

Curiosidades sobre a pronúncia

Algumas semanas atrás, conversei com o Claudio-san pelo Twitter sobre palavras que são pronunciadas de maneira errada no nosso cotidiano!

Bom, desde que você consiga transmitir a informação de maneira eficaz, não tem tanto problema errar a pronúncia, mas é sempre bom conhecer a forma correta, concordam?

Vamos começar com duas que estão co-relacionadas:


"Ontem, no /ju.'do/, caí feio no /ta.'ta.mi/..."


"Judô" e "tatame" são as versões aportuguesadas de 『柔道(じゅうどう), /'.dō/ e 『畳(たたみ), /ta.ta.'mi/. Aí fica a dúvida, né? Por que "tatame"? Deve ser para se encaixar nos padrões da gramática portuguesa, mas vai contra o bom senso, na minha opinião.

Próximo caso:


"Pode ter /ti.su.'na.mi/ em /na.ga.'za.ki/!"


Respectivamente: 『津波(つなみ), /tsu.na.'mi/ e 『長崎(ながさき), /na.''ga.'sa.ki/.

Tudo bem que a pronúncia /tsu/ não existe no português, no inglês, imagino que no espanhol também não etc. Mas convenhamos... é difícil? Ora, no alemão existe o som /tsi/, como em "Joseph Ratzinger", mas nem por isso é pronunciado /ti.si/, certo?

Quanto à cidade que sofreu o segundo ataque nuclear na 2ª Guerra, é com som de /s/ mesmo, e não /z/. Isso vale também para a fabricante de motos, Kawasaki: /ka.wa.'sa.ki/, não /ka.'va.za.ki/.

Aliás, aqui no Brasil existe a mania de pronunciar o /w/ com som de /v/. Coitado do Wolverine, fica "Volverine"! O Darwin vira "Darvin"! Mas o nome Wilson não vira "Vilson"... qual é a regra, então?

Não sei, acho que é como uma anarquia, nesse aspecto. Talvez predomine o que é mais comumente falado, mas que não tem nexo, não tem mesmo.

Talvez a responsável por isso seja a Volkswagen, mas aí também existe uma incoerência. Na pronúncia alemã, de fato o /w/ tem som de /v/, mas o /v/ tem som de /f/!

Bom, vamos voltar ao japonês, porque já gastei todo o meu conhecimento de alemão.


Sabem aquele pássaro feito em origami, oつる (Gruidae, segundo a Wikipedia)? No Brasil é pronunciado /tsu.'ru/, seguindo a mesma regra existente em "caju", por exemplo, em que palavras terminadas com "u" são oxítonas.

Mas... em japonês é /'tsu.ru/, ok?

Aliás, a própria palavra おりがみtambém pode ser citada como exemplo. Em vez de /o.ri.'.mi/, procure pronunciar /o.ri.ga.'mi/, se for falar em nihongo.

Outra palavra que se popularizou por aqui, embora bem depois do origami, foi しいたけ, o cogumelo. É, não tem como exigir que no Brasil seja pronunciado /'shī.ta.ke/, com um /i/ longo, mas mesmo assim soa bastante desconfortável ouvir:


"Me vê esse com recheio de /shi.'ta.ke/!"


Bom, existem vários outros exemplos, mas o que quis passar aqui é que, ao falar com um nativo, é melhor esquecer a pronúncia abrasileirada, pois dependendo da palavra, há o risco da pessoa simplesmente não entender o que você quer dizer!

Alguém lembra de outro caso comum?

domingo, 17 de janeiro de 2010

Intermediário - ジゼル・ブンチェンさん e o Haiti

Achei a seguinte notícia no Ameba News:


『ジゼル・ブンチェンさん(29)が、被災(ひがい)(しゃ)への寄付(きふ)のために

150万ドル(約1.4億円)の小切手(こぎって)にサインしたことが、

関係(かんけい)者の証言(しょうげん)でわかった。』


O que me chamou atenção não foi a notícia em si, afinal a doação da modelo virou notícia mundial em poucos minutos. Achei curiosa a maneira como fizeram a transliteração do sobrenome "Bündchen", pois sinceramente nunca tinha visto!

O primeiro nome também mudou um pouco no katakanês: ジゼル, /ji.'ze.ru/, é mais próximo da pronúncia inglesa, e nãoジゼレ, como era de se esperar.

Mas já que estamos aqui, numa agradável madrugada de sábado em que tive que levar minha irmã para o que identifico como "inferninho" (uma mega fusão de muvuca, "música" horripilantemente ruim, agarra-agarra, exibicionismo, baixaria etc.), vamos ver o resto da frase também.

Primeiro,被害, /hi.'gai/, é "dano, prejuízo", e expressa "ente, pessoa". Portanto 被害者, no caso, é "vítima".

寄付, /'ki.fu/, é "doação".

Ah, para não ficar parênteses dentro de parênteses, não coloquei a leitura, mas a cifra é lida como: 『約(やく)1.4(いってんよん)(おく)(えん), e lembrando que一億 equivale a 100 milhões, portanto são "aproximadamente 140 milhões de ienes".

小切手, /ko.'gi.tte/, é "cheque". Ah, curiosidade que talvez nem todos saibam: no inglês britânico, escreve-se igual em português, diferente do americano que é "check"!

関係, /kan.'kē/, que é "relação", somado com 『者』 torna-se "pessoas próximas", ou "ligadas".

E por último, 証言, /shō.'gen/, pode ser traduzido como "pronunciamento", no caso.

Ah sim! Esqueci de comentar no começo, mas é cultural publicar a idade das pessoas, no Japão! Caso você não tenha entendido o significado do (29), agora sabe que ele simboliza o óbvio: o tempo passa.

Até mesmo para supermodelos multimilionárias.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Transliteração, parte 2

Lembro-me que lá nos primórdios desse blog (ou seja, não muito tempo atrás), iniciei o assunto sobre transliteração de termos estrangeiros para katakana. Aí quando fiz o post "Katakanês parte 2", pensei em dar continuidade ao assunto.

Bom, vamos lá...

Acho que vou começar pelos exemplos mais radicais, que são justamente os primeiros casos que me vêm à cabeça.

Por exemplo, a música Something fica サムシング /'sa.mu.shin.gu/. É, dói um pouco no ouvido, mas é isso mesmo.

Mas é um bom exemplo! Veja que o "Some", que tem o som nasal próximo de "Sam", vira "Sámu". Aliás os sons nasais podem ser esquecidos, pois praticamente não existem.

O "m" mudo vira ム /mu/, assim como o "g" mudo, que vira グ /gu/.

Já o "thi", coitado... Se não existe nem som de "si", o que dirá "thi"! Acaba virando シ /shi/ mesmo.


Ok, vamos ver então o próprio nome da banda, Beatles, ou ビートルズ, /'bī.to.ru.zu/

Até "Bea", tudo certo. Mas depois... ish!

O "t", mesmo não sendo som de "t" mudo, vira ト /to/, e o "l", ル /ru/.

Ah sim, o caso do "l" chama atenção porque na pronúncia correta não há som de L propriamente dito, certo? Mas mesmo assim...

E pra finalizar, o "s", que aqui tem som de "z" mudo, segue o padrão e vira ズ /zu/.


Antes de analisar "Sgt. Pepper", que vira サージェント ペッパー /sā.'jen.to_'pe.pā/, é bom lembrar uma coisa: quem introduziu o inglês no Japão foram os ingleses, não os americanos.

Isso explica por que "Pepper" vira ペッパー /pe.ppā/, com o som de "a" prolongado. Não chega a ficar igual, mas se aproxima do "r" que quase não é pronunciado no inglês britânico.

Ah sim, lembrando também que o "e" em "Pe" tem som fechado, não "é", como seria o correto.


E quanto a Please, Please Me , que fica プリーズプリーズミー /pu.'rī.zu_pu.'rī.zu_mī/?

Bom, a parte mais crítica é, sem sombra de dúvidas, o "Plea", que vira プリ /pu.'ri/.

O "P" mudo vira プ /pu/, como já era de se esperar, mas o som de "li:" é um problema, pois em nihongo não existe a letra L. A solução que deram foi substituí-la por R, infelizmente.


Digo infelizmente, mas não chega a ser algo lamentável, é apenas uma característica de um idioma que é muito diferente dos ocidentais. No fim, é lamentável para eles mesmos, que têm grande dificuldade de aprender outras línguas.

Mas só para concluir o raciocínio, as sílabas com L ou R no meio seguem esse padrão.
Um exemplo simples é "Brasil", que vira ブラジル/bu.ra.ji.'ru/, ou "Plastic", プラスチック /pu.ra.su.'chi.kku/.

Bom, com certeza há vários outros pontos a serem abordados, mas encerremos por aqui, dessa vez.

Ah sim, quem quiser, tente transformar as palavras abaixo pra katakana:

  • Transcedental
  • Atlantic
  • Broadway
  • Collector
  • Grape
  • Key-holder
  • Troublemaker
  • Pop-Corn

(Palavras aleatórias que lembrei agora!)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Iniciantes - Pronúncia; parte 3

Dando continuidade ao tópico sobre pronúncias, vamos ver mais algumas características da língua japonesa.

Já destacamos o fato de ser um idioma relativamente carente de fonemas, o que torna a sua pronúncia bastante simples.

Um outro ponto que merece nossa atenção é que, de modo geral, a pronúncia das palavras não se distancia da maneira como são escritas.

Isto signfica que, felizmente, praticamente não há variação de pronúncia das letras. Diferentemente do português, em que uma única letra pode ter dois ou três sons distintos, no japonês, a letra A (あ), por exemplo, sempre tem som de A, KE (け) sempre soa como KE e assim por diante.

Mas como toda regra tem exceção, vamos ver em quais casos a pronúncia se difere um pouco da escrita.

São basicamente apenas dois:
  1. Quando há a junção das consoantes B, G, H, K, M, P, R, S, T com a sílaba "EI".
    Neste caso, a vogal "I" não é pronunciada. Ao invés, ela prolonga o som de E.
    Exemplo: o nome feminino Keiko.
    A pronúncia correta é /'kē.ko/. Esta pequena modificação na pronúncia é símbolizada pelo mácron.
  2. Junção das consoantes B, D, G, H, J, K, M, N, O, P, R, S, e T com a vogal U.
    Exemplo fácil: o conhecido Aikidô poderia ser escrito como Aikidou, mas sua pronúncia é /ai.ki.'.dō/

Há também o caso das partículas, mas aí é assunto pra outro post!

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Iniciantes - Transliteração, parte 1

Algo me diz que devo começar pelo começo.


Hm, pra quem já sabe um pouco e tem um mínimo de expectativa desse blog, esta parte pode ser meio chata... Mas vamos lá, algumas coisas são essenciais!


Existem 3 tipos de escrita no idioma japonês:
Hiragana, Katakana e Kanji.

Naturalmente, os três são caracteres típicos do oriente, que aos olhos de um ocidental parecem com "desenhinhos", como sempre escuto. Certo, mas com a globalização surgiu a necessidade de transcrever as escritas (principalmente nomes próprios) para o ocidente, o que deu origem à palavra Romaji.

Romaji significa literalmente "letra romana", ou seja, alfabeto romano. Portanto, graças à este processo, batizado de transliteração, qualquer pessoa é capaz de ler nomes de pessoas e marcas japonesas sem ter noção alguma do idioma.

Isto tudo soa meio óbvio, pois hoje em dia temos tantos produtos e nomes japoneses à nossa volta, como Toyota, Honda, Mitsubishi, Nintendo, Toshiba, Kumon... Sim, mas quando se trata de nomes um pouco diferentes, é fácil fácil tropeçar na pronúncia!

Quem não se lembra do Tamagotchi, que virou febre no Japão por volta de 1996 e, com menos intensidade, aqui no Brasil? Ou então do atualmente famosíssimo Naruto (que eu, sinceramente, desconhecia até pouco tempo atrás e até hoje nunca assisti)?


Então, na verdade ambos são pronunciados erroneamente. O "tchi" tem, na verdade, som de "ti", como em "tímpano", e o nome do pequeno ninja seria algo como "Narutô".

É, concordo que é pedir demais que todos brasileiros saibam precisamente a pronúncia de todos nomes e marcas japonesas. Afinal, até mesmo tratando-se de inglês é comum ouvir algumas barbáries por aí (aliás, você sabe como se pronuncia Microsoft Surface?).

Mas, se você tem algum interesse em aprender o idioma, ou ao menos um mínimo de interesse sobre as pronúncias, talvez seja válido ler os próximos posts!